6 de outubro de 2010

VRIENDEN! (Amigos!)

Um dos meus maiores medos quando começei a planejar essa jornada era como eu ia sobreviver sem os meus essenciais amigos brasileiros... Felizmente, fazer novos amigos aqui não é das tarefas mais difícies, já que na faculdade tem muitos na mesma situação que eu e nas ruas eu sempre tenho que perguntar muitas coisas até me acostumar... E como as pessoas são sempre muito solícitas, acabei já fazendo alguns amigos daqui assim também. Então já tenho alguns grupos de amigos por aqui que têm tornado toda essa jornada já não mais tão solitária assim... E como não posso estar com vcs, meus amigos do coração aí do Brasil, é com eles que estou vivendo esse sonho e estou vivendo momentos muito gostosos entre a rotina de pedalar pra faculdade todos os dias. Por isso queria compartilhar com vcs um pouquinho de "quem" eles são:


O primeiro grupo de amigos que fiz aqui foram os meus "teenage friends from Den Haag", que já apresentei por aqui. São aqueles que conheci no Brasil, me receberam super bem aqui, e já fui a Den Haag várias vezes, no início cheguei até a cogitar morar por lá, já que é ainda mais perto de Delft do que Rotterdam - 10 contra 15 minutos de trem (!) Na verdade é como se fossem bairros, pois essas cidades são hiper perto e completamente conurbadas entre si, então... É só uma divisão geopolítica diferente (segundo eles, só pra poder pedir mais grana pro governo!), mas eu trato como se fossem bairros vizinhos. O único problema são as passagens, que não são tão baratas. Quando cheguei aqui, achei que, como todo estudante holandês, eu ia ter direito a transporte público gratuito à vontade, mas que nada! Isso é só pros holandeses. Nós temos que nos conformar em comprar um discount card que custa 55 Euros e vale pra ter 40% de desconto pra vc e 3 acompanhantes em qualquer transporte público durante um ano, exceto o horário do rush da manhã, entre 4:00 (!) e 9:00 horas, o que me impede de pegar o desconto na 4a e na 5a, quando tenho que chegar na faculdade às 8:30). Isso serve pra qq um que more e tenha conta de banco aqui, não é só pra estudantes.


Mas enfim, voltando aos meninos de Den Haag, fui numa festa deles já há um tempo e foi legal, conheci trocentos outros adolescentes todos empolgados de conhecer um brasileiro... Acabei indo jogar futebol num CT que tinha pertinho de lá, foi uma delicia, a primeira vez que joguei futebol aqui! E depois fomos, todos de bicicleta, ao Albertheijn (o supermercado que domina tudo aqui na Holanda, segundo a visão de adolescente deles, o "melhor lugar pra ir em Den Haag"! Hahahaha!) compramos algumas bobagens (cerveja, balas, energéticos) e fomos fumar um e beliscar as balinhas nas arquibancadas do CT... Muito gostoso! Eles são todos meio riquinhos, o Pieter foi uma vez me buscar na estação de trem num carro conversível do pai, o Daan sempre em mil carros diferentes, dele ou do pai. E na festa um dos amigos disse que eles já tinham falado do "amigo riquinho do Brasil"! Hahahaha! Devo ter passado a mesma impressão, já que quando estávamos aí no Brasil, dei caronas pra eles no meu carro, e circunstancialmente na caminhonete do meu pai e no honda civic da minha avó!






















Bom, mas aqui, depois já encontrei com o Daan e com a Eve, namorada dele, em Amsterdam, onde ele tá morando agora, pois acabou de entrar na faculdade de lá. Mas isso é outra história que vou vcontar num post futuro sobre Amsterdam, onde ambém encontrei o Maurício, meu amigão da época do Fundão que agora tá morando por lá e mais alguns brasileiros que vou contar quando for a hora.








Fiz também alguns amigos internacionais na "introduction week" da faculdade. Me aproximei mais do meu grupo, com o qual fiz aquele trabalho que mostrei no post anterior. Era um grupo bem "multi-cultural", como eles sempre falam aqui: eu, uma italiana (Angela Stallone), um indiano (Goudar Vishwanathappa Manu, meu amigo feinho que assustou a vaca inglesa do meu ex-apartamento), uma paquistanesa (Aisha Qadir, com direito a véu e tudo, muito fofa), um espanhol (Javier Rodriguez, gente boa e um "crânio" da computação), uma chinesa (Chang Qing) e um indonésio (é assim que se diz? - Muhammad Nasrudin, o Din din, um gordinho muito figura). Eles ficaram bem meus amigos no início, mas são de diversas faculdades diferentes espalhadas pelo campus, e já estou perdendo um pouco o contato...




Agora quem eu tenho mais contato são as pessoas do meu Studio, o "Transformers", da T?F. Adoro o Alberto, um Italiano super engraçado, admiro muito um suíço (que morou 8 anos nos EUA) chamado Lino, muito inteligente, talentoso e pessoa muito interessante sempre, daqueles que vc olha no olho e sabe que pode confiar. Gosto muito também das duas italianas, Alicce ou Alicia e principlmente a Virginia... Acho que os Italianos têm uma alma mais próxima à nossa, então sinto muito mais liberdade com a Virginia por exemplo, pra brincar, encostar, fazer graçinha... E ela é muito fofa. Tem também uma finlandesa linda, a Maria, que é a mais doidinha, caiu no canal bêbada quando fomos a um festival todos juntos e depois continuou tranquilona no festival, toda molhada!... Sambou comigo e tudo, muito legal! E beeeem finlandesa, com cabelos quase brancos de tão amarelos e olhos quase brancos de tão azuis! Na verdade tenho a ligeira impressão que ela anda meio afim de mim...Mas já começei a explicar aos poucos que a coisa não funciona bem assim... Hehehe! Tem também algumas orientais, um meio-holandês (o único holandês meio boring que conheci aqui) e uma suíça bem gente boa e bem novinha. Outro dia, enquanto estávamos fazendo nosso trabalho de grupo o assunto "dutch weed" finalmente surgiu e, todos felizes contando suas histórias relacionadas ao tópico, convidei os presentes pra irmos realizar um sonho meu desde que entrei pela primeira vez no site da T.U. Delft: Ir fumar um na lindíssima cobertura verde da biblioteca central! Fomos eu, o Alberto, a Maria, a Julia (Taiwanesa que estudou nos EUA) e a Stephanie, a Suíça novinha, que aliás, nunca tinha fumado na vida e ficou maravilhada! Também, pudera! Que lugar maravilhoso... Por fora e por dentro, pois depois entramos pra pesquisar uns livros pra matéria de building technology e é tão gostoso estudar numa biblioteca como essa que eu não tive mais nenhuma vontade de voltar pra casa nesse dia... passei a tarde toda lá, procurando livros e me deliciando com aquele ambiente absolutamente ímpar!



 

 



 








Mas antes disso, na cobertura verde, almoçamos nossos sanduíches, fumamos e aproveitamos uma tarde de raro sol intenso, brincando, conversando, rolando grama abaixo feito crianças e sentindo o delicioso prazer de uma ponta de intimidade que andava tão distante de todos nós por aqui...





Agora estou prestes a conhecer o pessoal de um dos "clubes de estudantes" da minha faculdade, coisa estranha pra nós mas bem comum aqui. Eles estão organizando uma viagem pra ir ver a Bienal de Veneza e eu e essa galerinha aí acima já estávamos planejando ir lá, então nos juntamos a esse "clube", o "Argus"e em 6 de novembro estaremos partindo pra Veneza com eles, de avião, com passagens e hostel incluídos por apenas 175 Euros! Eles organizaram um roteiro pra aproveitar ao máximo os 3 dias, então vamos ter um dia dedicado ao passado, um ao presente e um ao futuro: um professor de história daqui vai nos mostrar os Palazzi históricos, no outro dia vamos visitar os museus construídos recentemente lá pelo Tadao Ando, Renzo Piano e Rem Koolhas (!!! Não é pouca bobagem não!!!) e no outro dia vamos à Bienal em si, que também não é nada menos do que FOOOODDDAAA! As coisas que vi na única edição que fui, em 2002, quando ainda estava aprendendo o que era arquitetura, me marcaram profundamente! Um dos arquitetos que vi pela primeira vez lá, por exemplo, foi o Kas Oosterhuis, do qual falei tanto no post anterior.


Bom, mas voltando um pouco no tempo, da época da introduction week, os colegas de arquitetura que conheci então foram uma belga (chamada Ana) que estava procurando apartamento junto com o namorado e mais um italiano (Giovanni, bem gente boa, namorado de uma brasileira que eu conheci e que estava aqui só pra acompanhá-lo). Cheguei a pensar em ir morar com eles em Delft, mas decidi ficar mesmo por Rotterdam.


O que aliás acabou se mostrando uma excelente escolha pois além da vida cultural muito maior daqui (acabei de vir do Kunsthal, um museu maravilhoso aqui do meu ídolo maior, o Rem koolhaas, que aliás, é o Niemeyer deles, o único que as pessoas fora do meio conhecem) onde assisti uma exposição super exclusiva só de colecionadores que não costumam expôr de trabalhos do Edvard Munch. Mas enfim, tb se mostrou uma decisão acertada porque por aqui é que fiz mesmo os meus maiores amigos.


O Tom, meu flatmate canadense é realmente uma pessoa incrível, generoso, muuuito "do bem", uma pessoa simpática, cheio de amigos, sempre alegre, sempre pra cima, sempre fazendo mil piadinhas e enxergando as coisas com um olhar poliano como o meu... Adoro ele! E ele me apresentou já vários amigos aqui, de várias nacionalidades... Esse fim de semana, aliás, conheci um casal de irmãos hungaros (que já moraram no quarto que eu moro!) com os quais fomos a essa exposição do Munch e a todos os coffeshops que encontramos pelo caminho.

 
 




















Ela me deu uma mínima ajudada na pintura que estou fazendo no meu quarto (surpresa que guardo pra um post futuro!) e eles me explicaram finalmente uma coisa que procuro há muito tempo e ninguém da minha família ainda soube me dar a resposta... A origem do meu nome! Vetyemy. Aliás, eles disseram que o correto é com acento, pai, Vétyemy, e por isso pronuncia-se mais fechado, como se fosse pra nós um Vêtyemy. O y no final, de fato significa "de" então na verdade meu nome é meio "de de Vetyem"! Só que além de significar "de", também indica uma posição de nobreza, porque é um "de" que aponta as terras que eram propriedade da família. Sendo que eles disseram que muitas familias simplesmente criaram nomes assim pra fingir que tinham um passado nobre, mas tudo bem... Bom, mas então eles fizeram uma rápida pesquisa no google e descobriram onde fica Vetyem (que minha tia portuguesa já tinha procurado sem sucesso quando foi à Hungria, provavelmente porque procurou por Vetyemy, e não Vetyem) O curioso é que trata-se de uma floresta! Mas eles já me escreveram o nome da cidade direitinho e já estou planejando ir pra lá no recesso de fim de ano da faculdade, quando devo fazer uma viagem com os meus colegas da época de estudante no fundão, Johny e Vic, nosso ex-professor, que moram em Portugal e Dinamarca respectivamente.


Mas voltando aos amigos daqui de Rotterdam, uma vez o Tom me levou no festival da witte de withstraat (a "bastille" daqui, com os barezinhos mais moderninhos, gente jovem na rua que nem a Lapa, galerias de arte e bistrôs chiquezinhos) e lá conheci um grupo de amigos holandeses que tem sido com quem eu mais saio aqui. No dia seguinte tb fui com meus colegas da T?F no mesmo festival (Quando a Maria, a finlandesa, caiu no canal).







 





Mas esse meu novo grupo de amigos holandeses são: o Arno (Holandês mais típico, com o cabelo LARAAAANJA e os olhos azuis como os da Liz! E as sobrancelhas loiras! Ele adora cozinhar e um dos programas mais frequentes que fazemos é ir à casa dele pra jantares maravilhosos!), o Joost (Pronuncia-se "ioust", nome muito comum aqui, meio que "João" deles. Trabalha com moda e vamos todos a um desfile dele semana que vem) o Renée, o careca na foto abaixo, super gente boa), o Roland, policial que tá com o Arno em NY nesse momento, eles são amigos de infância e vão pra lá todos os anos pra desestressar um pouco (que coisa chique!) e a Laura, que é modelo, desfilou nesse festival da Witte de Wittestraat e é a única menina da "tchurma", além de mais alguns, todos bem da minha idade e todos super legais. O problema é que os meninos todos têm mais de 1,95m e se não fosse um colombiano, namorado de um deles, que tem 1,60m, eu me sentiria um anãozinho!













 
















 


















O bom é que os programas deles são mais da minha idade tb, ir na casa do Renné tomar um vinho, ir fazer um jantar coletivo na casa do Arno... Não tenho mais muita idade de ficar indo a boates e aliás, não me parece que o movimento aqui seja tão intenso quanto eu pensava em relação a isso... Vim esperando conhecer a tal boate que tinha visto no jornal que tansforma o impacto das pessoas pulando na pista em energia, mas eles disseram que essa boate fechou há algum tempo... Então eles me levarem em outra bem legal que se chama "Catwalk" que fica numa passagem subterrânea de pedestres desativada. Sempre passo em frente a uma outra que por fora parece legal, perto da Witte de Wittestraat, que se chama "Rox" e que tem as paredes todas de pedra seguras por uma tela, exatamente como a vinícula que os "Herzog e De Meuron" fizeram se não me engano no Chile e que eu adoro... Mas eles me falaram que a boate em si nem é legal, então... Deixa pra lá! Mas enfim!!! Voltando aos meus amigos...








Conheci também lá no início (nossa, já parece tão distante agora!), quando morei lá no Norte da cidade, em Hillegraesberg, um casal de vizinhos maravilhoso, Frans e Erwin, ambos em torno dos 40 mas com corpos de meninos (fazem natação, o que aliás já estou pensando em começar também) e cabeças ótimas, que acabaram virando muito meus amigos. Me ajudaram com a mudança, emprestando os dois carros, um dos quais eu dirigi pela única vez por aqui, e nos vemos bastante. Tomamos vinhos maravilhosos e conversamos muito. O Erwin é paisagista, ótimo paisagista aliás, e o Frans trabalha como promotor e sempre nos coloca numas festas maravilhosas regadas a champagne de graça (pra nos, é claro!).





Numa noite dessas, quando fui tomar um vinho na linda casa deles, voltando já meio altinho, pedalando sem nenhum resquício de medo pela madrugada de Rotterdam, ouvi uma música da Zelia Duncan, e mais uma vez as lágrimas de alegria rolaram no meu rosto, como tantas vezes tem acontecido aqui. Quando cheguei em casa simplesmente não tive vontade de parar a bicicleta e segui ouvindo a música, dando voltas no quarteirão, pedalando e chorando de felicidade... Então acho que é uma boa hora pra deixar esse post, com alguns dos versos dessa música, que parecem ter sido escritos por mim para esse período aqui:


"Tento fazer desse lugar o meu lugar / ao menos por enquanto, enquanto isso durar / o que me separa de você(s) agora / um avião um oceano, outros planos (...) Como voltar?... / E esperar o prêmio intenso / De voltar pra mim / ...Diferente!... / Vou tentar fazer daqui o meu lugar!"

Beijos e até a próxima!





Um comentário:

  1. Oi Igor! Acho que estou comentando essa sua postagem com um pouquinho de atraso... mas só queria dizer uma coisa... é muito difícil conhecer vc e não querer se tornar seu amigo!
    bjinhos da sua ex-aluna, fã e AMIGA! Mayara

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