17 de agosto de 2010

MINHA CASA


 

A casa fica provavelmente na quadra mais humana de Rotterdam! Quando os 3 holandeses (que acham a cidade a mais cinza da Holanda, sem graça por “quase não ter prédios antigos”) chegaram aqui, não acreditaram que existia uma vizinhança assim em R’dam... Acharam o lugar ótimo.
É a duas quadras da estação Rotterdam Noord, entre um parque com um lago imenso e um outro rio cheio de casas-barco, de frente pra uma garagem de tram, numa quadra toda de casas de 3 andares, como a nossa, todas de tijolinhos, bem mais “Holanda” do que o resto de R’dam. E a casa Tb é bem gostosa, são 3 andares (mais uma garagem que fica fechada embaixo), com sala espaçosa, com 3 sofás, lareira, mesa de jantar e outra mesinha, cozinha americana, um lavabo e um pátio aberto com churrasqueira e tudo!


 

Espreguiçadeira, algumas plantinhas... Subindo as escadas tem um andar com meu quarto e o de um espanhol chamado Igor Hernandez (!), um lavabo e um banheiro com chuveiro e pia, ambos de frente pra minha porta, o que achei ótimo. Subindo mais um andar tem mais dois quartos, um de outro espanhol chamado Roberto (que assim como o Igor, está de férias na Espanha), o melhor quarto da casa, com chuveiro e pia dentro, e o quarto de uma artista plástica inglesa de 33 anos chamada Clarissa Baldwin, que tem sido minha companhia e me dado todas as dicas nesses dois primeiros dias. Ela está com uma instalação aqui nas ruas de R’dam bem interessante e com as sobras deu um charme nas nossas janelas tb. Embora sejam imagens fortes, da guerra do iraque, elas são trabalhadas de uma forma dicotômica propositadamente pra deixa-las como uma linda renda quando vistas de longe... Fica uma coisa bem bonita de longe e instigante quando se chega perto. Foi a tese de mestrado dela, aqui em R'dam. Quando chegamos pensamos que era uma riponga, com uma cara chapadíssima, mas devia ter acabado de fumar um, pois depois acabei descobrindo que ela é uma pessoa muito inteligente e simpática, bem diferente da nossa 1a impressão.
  


Meu quarto é bem gostoso, com duas janelas muito grandes e o controle do aquecimento de toda a casa, por isso é o quarto mais quentinho no inverno... Oba! Ele é bem maior do que pareceu quando vi as fotos ainda no Brasil. Ainda me falta arrumar pelo menos uma cama e cortinas, mas com as coisas que o Daan me deu já está até com uma carinha de quarto.


Agora estou tentando me encontrar na cidade, conhecendo aqui em volta, trocando traveller cheques, indo ao supermercado, enfim... Me adaptando antes das aulas começarem. Hoje acho que vou a Delft conhecer a universidade e a cidade, passar no international office e aproveitar um jantar que todos os anos o “Sultan Ahmet Moskee Delft” oferece para os estudantes recém-chegados. Vou tentar descobrir como posso comprar meu i-phone logo, mas parece que só conseguirei fazer isso depois que conversar com o international Office e eles me mandarem pra me registrar na prefeitura, me passarem o número da bank account que eles abriram pra mim, etc.

 
Por hora, fiquem com meus contatos que já tenho aqui:
Skype: Igor_de_vetyemy
Endereço: Willem van Hillegaersbergstraat, 61, 3051RB Rotterdam, The Netherlands

ROTTERDAM – MY NEW HOME!!!

Saindo de Paris, malas com toda a minha vida nas costas, peguei o trem pra Rotterdam. No trem, além de dormir o pouco que não dormi à noite, comecei a ler uma versão bem antiga em inglês do “The catcher in the Rye” pra ir me acostumado a viver em inglês até aprender holandês, o que deve demorar um bocado... Vai ser engraçado ler o livro vivendo um paralelo das aventuras dele com as minhas, já “um pouquinho” mais maduro também em terra estranha.










A chegada a Rotterdam simplesmente não poderia ter sido melhor! Me senti muuuuito em casa! Já estou absolutamente apaixonado pela minha nova cidade!!! Pela minha nova casa, pelos novos amigos (em apenas um dia já tenho vários!)... Simplesmente acho que não teria como me sentir mais em casa em nenhum outro lugar do mundo!

Saltando do trem, todo atolado com um total de cinqüenta e poucos quilos em 2 malas e 2 mochilas, simplesmente fui recebido na porta do trem por aquele que já tenho certeza que vai ser meu melhor amigo pelos próximos anos... Como eu disse pra ele, “a perfect dutch version of me!” Estavam na porta ele, a namorada (Eve) e um amigo dele (Romeo)

 

Trata-se do Daan van Munster, um cara incrível que conheci cerca de um mês atrás no Brasil, país pelo qual ele é apaixonado, pro qual já foi umas 4 vezes. Andando à noite pela praia de Ipanema, ouvi ele conversando com outro novo amigo holandês, o Peter, e perguntei se era holandês que eles estavam falando. Eles ficaram muito felizes com a pergunta, já que todo mundo costuma perguntar se é alemão e eles, por vários motivos que vão de guerras antigas a finais de copa do mundo, odeiam alemão! Conversamos um bocado e dei meu cartão pra eles me procurarem. Isso foi a senha para passarmos 2 semanas excelentes no Brasil, fazendo programas turísticos (eles conhecendo alguma coisa além da praia que eles tinham ido todos os dias anteriores e eu me despedindo do Brasil). Ajudei um bocado com reservas de hotéis em Ouro Preto, levando-os ao aeroporto de supetão (pois o táxi que tinham combinado não apareceu), levando-os à Lapa, dando dicas sobre o Maracanã (Eles foram ver o empate entre Flamengo e Vasco), sobre a “Favela Funk Party” ( o famoso baile funk!) que o hostel arranjou pra eles irem, etc, etc, etc. O Hostel ficava na esquina da minha casa e de vez enquando eu passava lá e os levava pra casa pra darmos uma calibrada antes de sair pros lugares. Uma vez, bêbado, deixei ele (que estava menos bêbado) dirigir meu carro e ele amou dirigir no Rio, principalmente porque estava sem a driver’s license que ele na hora me disse que estava. Outra vez, indo para uma festa na cobertura da Beth, mais pra mostrar a cobertura e a obra que eu fiz por lá do que pela festa em si, estávamos em 6 no carro (Eu Márcio, eles 2 e outros 2 holandeses que estavam no mesmo hostel), passamos por uma blitz da lei seca... Eu meio sem saber o que fazer, ele se ofereceu pra pular do carro numa hora em que “os omi” não estivessem olhando e executou perfeitamente seu plano, com uma malandragem difícil de se achar em um não-carioca. Andou ao lado do carro até passarmos pela blitz e depois entrou de volta. Muito safo! Eu não imaginaria ninguém além de mim tendo malandragem suficiente pra fazer isso de um jeito tão perfeito como ele fez!
 
Enfim, já no Brasil viramos grandes amigos e ele me pediu para avisar quando eu chegaria, para me buscar na train station. E assim o fez. Eu chegando cansado e cheio de malas ele me recebeu na porta com a Eve e o Romeo, já com um produto bem típico holandês na mão (se é que vcs me entendem) pra eu ter uma rápida aclimatação à cultura local...

Perguntou se eu tinha trazido minha “magic Box” (caixinha linda que ganhei da Dona Regina Brasil, onde guardava minhas ferramentas de relaxamento) e quando eu respondi triste que não coubera nas malas, ele simplesmente tirou da mochila minha nova magic Box, já com todo o material dentro, igualzinho, e com um pacotinho da tal da White Widow que eu já dissera que estava louco pra conhecer...
Recepção mais perfeita... Impossivel? Até aí não foi nada! Fomos de carro até o escritório do meu novo senhorio, buscar as chaves de casa, depois me trouxeram ainda pra casa, me ajudaram a subir com as malas e quando chegamos vimos que o quarto estava sem nenhuma mobília... Ele rapidamente disse: “Acho que posso arrumar uns móveis pra vc... Na verdade podemos fazer isso agora”, ao que os outros dois riram, pois eles tinham um trem pra pegar em pouco tempo.

Mas ele, totalmente ao estilo “Igor” disse: “Não, é sério, acho que dá tempo sim”. Ligou pra mãe, pro pai e falou “Vamos”! Entramos todos no carro e simplesmente fomos a outra cidade, onde ele mora (uns 25 minutos de carro), passamos na LINDA casa dos pais dele, com um jardinzinho de fundos com churrasqueira, gramadinho e uma canoa no riozinho de trás, com um telhado todo modernoso, em onda, debaixo do qual fica o antigo quarto dele, no sótão, e pegamos travesseiros, lençóis e um carro maior. Saindo de lá, fomos ainda a mais uma cidade próxima, onde o pai dele tem um “Restaurante-boate-galeria-clube de tênis” lindo, no meio de uma “floresta no meio da cidade”, almoçamos e fomos ao sótão buscar móveis pra mim... Pegamos uma mesa, duas cadeiras, um colchão... E ele simplesmente disse: “É seu”! Incrível! Muito “Igor”!!! Ainda voltamos pra Rotterdam e ele me ajudou a subir a mesa pela janela antes de se despedir pra ir com a Eve pra estação de trem e viajar com ela por 2 dias (viagem que ele adiou para estar aqui quando eu chegasse). Ou seja, simplesmente... A melhor recepção e o melhor amigo que eu poderia sonhar em ter. Ou nem sonhar poderia.


Depois disso saí pra comprar um adaptador pra tomada do meu computador e descobri que é uma certa lenda essa história de todo mundo na rua falar inglês... Pelo menos aqui em Roterdam, conversei com 3 holandeses e nenhum deles falava inglês. Tive que usar minhas 3 ou 4 frases de holandês e muita mímica pra me comunicar com dois deles e meu francês semi-macarrônico pra conversar com o outro, que finalmente conseguiu me vender uma tomada nova pro meu computador.

Na volta, andando entre os parques, rios e lago que rodeiam minha nova casa e ouvindo uma musica que meu irmão fez pra sua filhinha Valentina (que ainda está na barriga da minha cunhadinha Ana), simplesmente chorei de emoção e alegria por estar me sentindo tão em casa, por ter sido tão bem recebido aqui e por estar num lugar tão incrível... Totalmente não cabendo em mim... É indescritível como me senti feliz e completo naquele momento.

NO AVIÃO

Exausto, saindo de uma febre e muita dor de garganta que surgiram do desgaste emocional e físico dos últimos dias no Brasil, chapei em segundos e assim fique durante a primeira metade do vôo, apesar de estar sentado na cadeira do meio (aquela pior de todas) entre um senhor literato, professor Dr. da UFRJ (que dá aula no prédio em frente ao que eu dava) e uma peruana que mora na França e vai ao Brasil a trabalho 2 a 3 vezes ao ano, extremamente simpática mas com obesidade mórbida, o que não é a melhor qualidade para quem vai sentado ao seu lado no avião. Na verdade eu estava tão cansado que isso nem chegou a me incomodar, o pior foi a pena que senti dela, que deve ficar extremamente incomodada na viagem, já que mal conseguia encostar no assento, ficava meio pendurada pelos braços da cadeira... Mas conversamos um bocado em francês até eu descobrir que ela era Peruana e portanto falava espanhol e mesmo um português muito melhor do que o francês que eu apenas arranho. Depois continuamos a conversa muito agradável e na chegada a Paris ela ajudou enormemente a mim e ao senhor que estava do meu outro lado, dando-nos indicações precisas de mobilidade na cidade em que ela mora há 24 anos.

16 de agosto de 2010

PARIS


Chegando a Paris com a minha vida nas costas peguei um “RER” até a Gare du Nord, mesmo lugar por onde cheguei na primeira vez que fui à cidade. De lá peguei um táxi até chateau rouge, apenas duas estações de metrô adiante, o que fazia com que as infinitas subidas e descidas do gigantesco metrô de Paris não valessem à pena. Fiquei hospedado no apartamento do meu amigo Théo, que já se hospedou na minha casa com mais 7(!) franceses 5 anos atrás, por um mês até decidir voltar pra França, pegar suas coisas e ir morar no Brasil... Dessa vez ele estava viajando, como todos os amigos que tenho em Paris, e aliás como todos os parisienses, que jamais dão as caras por lá nessa época de verão. O resultado é que o Théo deixou as chaves pra mim e foi sozinho que acabei descobrindo que estava aos pés de Montmartre, a uma escadaria de distância da Sacré Cœur, com sua vista “incomparable” de Paris.



E assim fiquei visitando nos dois dias seguintes os poucos pontos turísticos essenciais que ainda não tinha conseguido visitar nas 3 vezes anteriores que estive em Paris. Inacreditavelmente ainda havia alguns, pois Paris uma infinidade de “must-see’s” além de sempre ter coisas novas, como o excelente museu Quai Branly, que ainda não existia na época da minha última visita, em 2005. Depois desses primeiros 3 dias, minha grande amiga Virginie, que é de Lyon, mas mora em Ancy, além de já ter morado comigo no Brasil, chegou para passar comigo meus outros 5 dias em Paris.

Sem o compromisso das viagens turísticas que acabam virando um amontoado de compromissos imperdíveis, tive a chance de conhecer Paris da forma mais perfeita que existe (como minha mãe já tinha me falado várias vezes) que é caminhando sem compromissos e ininterruptamente pelas ruas cheias de história. Realmente é incomparável! Primeiro porque pra cada lado que você olha, de fato tem algo interessantíssimo pra ver. E segundo porque a cidade fica muito mais charmosa, é um meio de atingir um tempo todo particular de Paris que só quem caminha por ela pode entender. No mais impecável desses passeios fomos à Promenade Plantée, que eu sempre quis conhecer e nunca consegui. Descobri que eu tinha toda razão de ficar frustrado por nunca conseguir ter ido lá... É uma das coisas mais lindas que já vi na minha vida... E a sensação enquanto se caminha por ela... É indescritível. Pra quem não conhece, é uma idéia muito próxima à do Highline park de NY. É uma antiga linha de trem, ou metrô, desativada, que foi toda transformada em um passeio com um belíssimo projeto paisagístico, cheio de particularidades específicas em cada parte, desde os pequenos túneis, passando pelas partes térreas até as partes que são sobre viadutos (a maior parte e a mais bonita também) No final, sem pressa, ainda pudemos descer para ver as lindas lojas que ficam sob os arcos do viaduto e terminar a caminhada na ferveção da Bastille, com sua Opera (desculpem os admiradores, horrorosa, parecendo um projeto do Mario Botta, só que com um péssimo gosto para materiais, que pra mim acaba sendo o que salva o trabalho dele. Apesar disso, já fiz uma vez a visita guiada e sei que nesse caso, o que salva a obra – que não é dele! - é o interior). Continuando caminhando pela Bastille descobrimos uma pequena viela chamada Rue de Lappe, que afinal de contas se assemelha muito ás ruas da Lapa! Lá sentamos em um bar para tomar um copo (como eles dizem sempre aqui) enquanto esperávamos uma amiga da Virginie. Nessa espera, conhecemos um senhor extremamente simpático, Catalão, que mora na rua há 42 anos e essa conversa (em francês falado beeeeem lentement!), as cervejas de barriga vazia e as excelentes companhias me colocaram num estado de graça! Que tarde agradável! Pra completar, depois que a Florian (mesmo nome do meu grande amigo alemão, homem!) chegou, ainda caminhamos mais um pouco pra tropeçar de cara simplesmente com Place de Voges, que dispensa comentários, um lugar mágico. Seguimos, compramos cerveja e comida japonesa pra viagem e pegamos um metro até o canal de San Martin, onde fizemos um pic nic e encontramos mais uma amiga dela... Ou seja, uma tarde impecável!

Depois o Théo chegou com a namorada e também fizemos alguns programas legais, como o sempre imperdível museu Centre Georges Pompidou, ou, pros mais íntimos, simplesmente “Beauburg”.


Acabei quase não saindo à noite em Paris, com exceção de uma noite que fomos a um circo na La Villette e outra que fomos a um show em praça pública no Hotel de Ville. Saindo desse show me levaram ainda para uma boate e, quando eu entro... É a única que eu já conhecia em Paris! Onde fizeram minha despedida na vez que passei um mês por aqui! Mas tudo bem, pois o lugar é ótimo! Chama-se Nouveau Casino.




Meu último dia foi mais arrumando malas, resolvendo algumas coisas de trabalho do Brasil, terminando de preparar e mandando o presente dos meus afilhados, que fiz durante várias madrugadas viradas em Paris. Ficou lindo! E muito emocionante... Chorei demais, cada vez que fui me deitar com o sol já nascendo em Paris. Ei-lo:

Parte 1:


Parte 2:

8 de agosto de 2010

PARTIDA DO BRASIL

A minha partida do Brasil, depois de tantos meses planejando, arrumando as coisas, documentos e tudo o mais necessário para uma mudança intercontinental, apesar de toda a preparação, como sempre, foi muito corrida, por conta de trabalhos que precisavam ser fechados. Mas sem dúvidas foi muito muito emocionante,como também não poderia deixar de ser. Depois de uma pequena despedida em casa com a família, na véspera da viagem rolou uma festa de despedida impecável, com show do meu irmão que amo ouvir tocar, com uma super Jam session deliciosa que se seguiu com as pessoas que mais amo na vida... Ao final da festa, cada despedida de um convidado encerrava uma conversa que vai ser lembrada por muito tempo, sempre com muito carinho. E cada abraço era acompanhada de um depoimento sempre sincero e emocionante, quase sempre muito molhado! Clarinha, como sempre, decifrando tão bem o meu momento e todo o sentido dessa viagem, que nem eu poderia ter resumido tão bem na minha cabeça... Aliás, hoje, 16.08, é aniversário dela, dos meus afilhados lindos Liz e Gael, que fazem 1 aninho de vida, da minha priminha Laurinha e da tia Naná! Ufa!... Parabéns a todos vocês!!! Bom, depois dessa festa, últimas despedidas dos que ainda me viram no dia da partida, a maioria no aeroporto (meu pai, irmão, mãe, padrasto, Marcio, Mi, Rasta, Vivi e Marie) tudo para me deixar com aquele gostinho de “Não vai ficar por lá, hein? Seu país é foda e sua gente é incomparável!”