26 de setembro de 2010

Mais um pouco sobre a facudade

Quando escrevi o último post sobre a faculdade tinha tanta coisa pra contar que acabei pulando a parte do "Online summer program", da "introduction week" e os amigos que fiz por lá. Tratam-se de programas de aceleração do processo de "aculturação" (não sei se existe em português, mas acho que dá pra entender). Primeiro, ainda no Brasil, tivemos esse programa online, que é baseado em uma espécie de facebook interno onde conhecemos alguns de nossos colegas, com perfis que incluem fotos, portfolios, informações sobre qual faculdade vão estar, qual especialização, onde vão morar, etc. Depois somos separados em grupos, sempre de países o mais distantes possível, fisica e culturalmente, com um "e-coach" holandês (que fez o bacharelado lá e está prestes a começar o mestrado como nós), e recebemos alguns assignments cuja solução depende tanto de um trabalho em grupo com cada participate vindo de um lugar totalmente diferente (portanto temos que nos esforçar pra suprir as diferenças culturais e de fuso-horário) quanto da utilização das "facilities" de lá, assim pegamos intimidade com a estrutura da universidade.

 

Quando chegamos aqui tivemos mais uma semana parecida com isso, mas agora com palestras (e festas!), usando coisas mais específicas, como as impressoras a que temos acesso, os departamentos onde devemos procurar cada tipo de informação, etc. Eles chamam de "Introduction week", e no final dela temos que apresentar um "projeto", que na verdade é só uma besteira qualquer que nos ajude a nos acostumar mais rapidamente com a Holanda, com Delft, com a cultura e com a língua. Meu grupo criou um jogo, teoricamente de tabuleiro, mas acabei montando toda a estrutura no power point e levando meu datashow pra jogarmos ao vivo no telão. O jogo ficou bem bonitinho, eu fiz o tabuleiro-mapa de Delft, um espanhol, que estuda informática, fez o dado girar, o resto foi tirar fotos do que precisávamos e coletar os as informações pra fazer o jogo, pegamos coisas típicas da holanda como peões (um moinho, um queijo, um sapato de madeira, uma bicicleta, um van Gogh, um Cruyf, etc) e os jogadores tinham que fazer coisas típicas daqui, aprendendo onde deveriam ir para conseguir o que as "objective cards" mandavam. Cada um escreveu situações que teve que enfrentar aqui e eu tratei de dar um tom irreverente e transformamos nesses cartões que estão aí embaixo. O tabuleiro também está, mas quem quiser muito me pede que eu mando o ppt por email. Desculpem a formatação, tá terrível de alinhar essas imagens aí! Mas as frases dão várias dicas engraçadinhas de como se comportar aqui e sempre a tradução da frase principal em holandês... Vale à pena dar uma lidazinha! =)





 



 






 










Mas o engraçado é que o jogo tinha que ser todo forjado, com os números que íamos tirar nos dados já pré-estabelecidos pra conseguirmos os nossos "objetivos" mais rápido e podermos apresentar todas as cartas no tempo que tínhamos. Nossa apresentação foi muito bem recebida, o "juri" (professores daqui escolhidos aleatoriamente) elogiou muito e fez bastante sucesso entre os colegas que assistiram.


Depois vieram minhas aulas no "The Why Factory" (T?F), com o MVRDV, o Winny Maas e etc, como eu já contei no outro post, que estão sendo incríveis, estou apaixonado e tal. Nessas aulas conheci meus amigos mais próximos, que estão estudando como mesmo e já saímos algumas vezes aqui por Rotterdam, como vou contar em outro post específico.


Além disso, na T?F também tivemos que escolher um workshop pra fazer em duas semanas em que as aulas param em novembro pra isso. Então, dependendo de em qual eu for alocado (mandamos apenas nossa primeira , segunda e terceira opção), vou fazer uma viagem com eles pra Jacarta ou pra Pequim! O problema é que tem uma possibilidade de as passagens e hotel não serem completamente custeados pela universidade, então pode ser que eu acabe pedindo pra ficar no workshop que é sobre o Alaska (extreme conditions) pro qual ninguém viaja, fica só por aqui mesmo. Mas tudo bem, vai ser interessante as well, porque o tema é bem legal.

Além dessas aulas, como eu já disse, tenho fora da T?F uma matéria de "Building technology", e agora já comecei a escrever meu trabalho para essa disciplina. Vamos levando toda semana para discutir com o nosso "tutor" e vamos melhorando o que no final vai ser uma essay de 2500 palavras mais ou menos, com muitos desenhos técnicos, esquemas, croquis, alguns desenhos artísticos, etc. Se alguém quiser pode me pedir tb no final do semestre que mando por email. É sobre dois prédios que eles dão e que temos que analisar, comparar entre si e com um terceiro à nossa escolha (eu escolhi o Palácio Gustavo Capanema, o "MEC", do Lucio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira, com croquis de concepção do Le Corbusier, que eu conheco bem pois costumava dar uma aula sobre o edifício).


O tema que eu escolhi foi a capacidade de "isolamento" das peles dos edifícios. Os dois daqui são prédios antigos que tiveram uma reforma que em ambos adicionou uma espécie de átrio, em ambos os casos uma grande "greenhouse" (eles chamam assim, "estufa", que em português vira uma conotação negativa por causa do calor, mas aqui é normal) com peles de vidro enormes. A diferença é que um deles (o Westraven, em Utrech) tem um bom sistema de isolamento (aliás, parte dele parece muito com o que eu "criei" pra Cidade do Sexo sem saber que existia!!!) e o outro é bem precário em relação a isso na "green house" (o outro, por acaso é a BK-City, o prédio onde eu estudo, em Delft. BK é abreviação de Bouwkunde, que não é arquitetura nem engenharia, é "a ciência de construir"). Como no final temos que propôr um "re-design" pra uma parte de deles, então pensei em uma solução que pudesse ser uma segunda pele com esses "colchões de ar" parecidos com os da cidade do sexo pra protegê-lo do frio no inverno, quando o heating não dá conta do recado e, com células sensíveis ao calor e/ou aos raios do sol, se abrisse e virasse um grande brise-soleil como o do MEC, no verão, quando também fica muito quente dentro. Essa solução de interação com a natureza acaba tendo uma referência muito próxima com o Institute du Monde Arabe, em Paris, como minha mãe comentou, mas na verdade teve mais inspiração no próprio edifício de Ultretch, que tem uma enorme fachada principal com pequenos quadradinhos de plástico que interagem com o vento formando uma enorme tela que parece uma porção de pixels, uma coisa meio high tech... Mas é só vento e arquitetura! Enfim!

Fora isso, temos as palestras de "design process", e semana passada ou restrasada assisti à palestra mais incrível da minha vida! Foi com outro dos meus maiores ídolos, o Kas Oosterhuis (http://www.oosterhuis.nl) e eu simplesmente passei a entender muito mais tudo aquilo que eu sempre pesquisei sobre arquitetura líquida! O cara é foda! Tô de boca aberta até agora! Como as coisas mais complexas parecem simples quando ele fala! E aliás, isso é exatamente o que ele diz, que "complexo" é algo totalmente diferente de "complicado", que ele exemplifica como as coisas do Frank Gehry, que têm aquela aparência complicada, mas não têm nada de complexo... São apenas arquitetura tradicional desconstruída... Como quando ele pega uma porta e corta na diagonal e tem uma porta desconstrutivista... Boba. Aliás, a única coisa meio chata da palestra é que ele falava mal de todos os outros arquitetos fodassos, como o próprio Frank Gehry e o Winny Maas, meu ídolo do MVRDV e cabeça do meu departamento aqui na faculdade... Mas quando o Kas Oosterhuis fala parece mesmo que todos os outros são uns bobos! Ou os arquitetos em geral... A arquitetura como a gente conhece é muito ingênua, só pegando uma série de coisas prontas (portas, janelas, tijolos, telhas, etc) e botando tudo junto... O que ele faz é completamente diferente! Parece tudo uma evolução da cidade do sexo e de toda a teoria que eu tinha por trás daquilo. A palestra dele começa com uma foto de um bando de pássaros voando juntos formando um desenho completamente aleatório e depois vai pra uma foto de uns cabos de energia com todos os pássaros pousados nele, em fila... O que ele diz é que os pássaros obedecem a uma lógica muito simples e quando se insere algum elemento que possa modificar essa lógica (o lugar pra eles pousarem, nesse caso) vc consegue modificar instantaneamente o comportamento deles. E é assim que ele trata a arquitetura, pois nós tb obedecemos a lógicas muito simples e os espaços que ele cria, a partir dos fluxos-padrão de pessoas, modificam a nossa maneira de nos comportar... Então ele cria edifícios totalmente diferentes, baseados nesses fluxos e portanto com uma forma sempre meio amebóide, sem qualquer coluna por exemplo, jogando toda a carga pra uma "pele" externa, que não pode ser considerada exatamente uma fachada, porque ao mesmo tempo que o é, é tb teto, janela, porta, piso, estrutura, tudo! Vale à pena dar até uma pesquisada na internet pra achar mais imagens, mas aqui embaixo tem algumas.

Ele é o cabeça de outro departamento, o "Hyperbody" que era a minha segunda opção e que certamente vou me inscrever semestre que vem. Trata de edifícios que interagem com o usuário e o escritório dele já criou algumas coisas assim... Uma ponte que quando o trem passa se fecha toda e vira um túnel e depois se abre de novo num movimento lindo... Isso ainda não foi construído, mas um protótipo de pele reativa já foi, de uns 7 metros de altura, que quando as pessoas passavam em frente se contorcia toda... Vimos um vídeo dela funcionando e é na verdade indescritível. Parece muito mais uma matéria orgânica do que mecânica. Aqui estão algumas das fotos dos trabalhos dele. E reparem a relação com o ambiente construído em volta... À primeira vista parece totalmente fora do contexto, mas essas linhas orgânicas que ele cria sempre vêm de algo pré-existente, como a linha do telhado das casas super antigas no meio do pavilhão que tem aí embaixo, na 4a foto... As pessoas costumam achar que pra contextualizar algo temos que simplesmente copiar o existente e na verdade eu acho isso uma maneira simplória e cafona de contextualizar... Ao contrário desse trabalho dele, dêm uma olhada:









Aaaaahhh! Queria passar o resto da vida aqui vendo tanta coisa maravilhosa! Como meu pai comentou outro dia, não consigo medir a quantidade de coisas novas que vou levar na bagagem pra mostrar pros meus alunos aí no Brasil... E na verdade começo até a achar que eu era um professor medíocre antes de ver todas essas coisas! E o pior é que elas estão apenas começando!!! Aaaaaaaaahhhhhhh!!!

Bom, acho melhor parar por aqui, senão vou ter um ataque histérico... Vou escrever um pouquinho agora sobre a minha vida cultural-noturna em Rotterdam, que não é muito intensa, pois não sou tanto de sair assim, mas tem sido feita de pequenos momentos deliciosos com bons novos amigos, dos quais também vou falar no próximo post.

Beijos e até logo!
=)

8 de setembro de 2010

T.U.Delft - Com justica, considerada a melhor de arquitetura do mundo!

Quando comecei a pesquisar universidades para fazer meu mestrado que já urgia há algum tempo, pensei nao apenas na universidade, mas também no país em que eu iria morar por dois anos. Isso reduziu minha busca a 3 ou 4 paises, pela ordem: Holanda, Alemanha, Espanha, França. A primeira opcao pela holanda se deve não só ao fato de eles terem a cabeça mais "open-minded" do mundo (e isso e fato notório nas ruas, sem porra-louquice, pelo papo e pela sinceridade dos sorrisos mesmo) mas também por que aqui estão 5 ou 6 dos 10 escritorios que mais admiro no mundo (OMA, MVRDV, Un Studio, Mecanoo, Kaas Oosterhuis...) Pois bem; ao dar a partida à minha pesquisa por essa minha primeira opção, aproveitando o contato da minha amiga Claudia Escarlate com um instituto chamado Institute for Housing Studies, comecei a comentar com os professores que davam aula comigo na UFRJ (todos já mestres e no mínimo doutorando) que eu estava aplicando para uma universidade na Holanda... A resposta vinha sempre na forma de outra pergunta e era sempre unânime: "Que maximo, na T.U.Delft?" Conferindo com outros colegas de profissão comecei a entender o respeito que essa instituição tem no mundo inteiro e essa acabou sendo a minha unica opcao na hora de aplicar para o mestrado.


Depois de muito atraso na resposta, o que chegou a me causar uma horrível reação alérgica a stress e ansiedade (uma falta de pelos em trechos da barba, me deixando que nem um dalmata, mesmo quando tento tirar toda barba... Chama-se alopecia e demora em media um ano pra sair!), acabei sendo aceito mas não tendo tempo de aplicar para qualquer bolsa para o primeiro ano, pois todos os prazos ja estavam encerrados. Claro que eu nem quis saber, aproveitei que já era profissional há algum tempo e já tinha algum dinheiro guardado (alem de uma familia maravilhosa que pode me dar todo o apoio e me ajudou a completar o bugdet necessário) e, depois de uma "curta" espera de quase um ano, fiz minhas malas e vim parar nesse universo paralelo chamado "Technische Universiteit Delft". Chegando aqui na holanda, ao conversar com qualquer pessoa e falar que estou fazendo mestrado em Delft a resposta também é unanime e sempre acompanhada de uma cara de espanto: "Oh! So you`re that kind of smart guy", ou "Oh, you`re one of those T.U. genius, then", ou "Oh, then I should respect you more!"... Enfim, todos aqui também a consideram a melhor faculdade do mundo e respeitam a demais (na verdade um holandês e uma suíça já me falaram que é a 2a melhor do mundo, que a melhor está lá na Suíça...)


Bom, pra comecar, a estrutura da universidade é inacreditável. O suporte técnico, o jeito como eles dão aula... Num auditório com 200 alunos o professor fica desenhando tranquilamente num pad que tem à mão e o quadro negro é uma projeção gigantesca onde vai aparecendo o que ele está desenhando, seja num quadro branco quadriculado, seja sobre as fotos que ele está mostrando na projeção... Além disso, se vc perde a hora, não acorda, não está afim de enfrentar a neve do dia ou simplesmente está sem saco de ir para a faculdade, em tempo real - e durante o resto do ano - todas as aulas são armazenadas online no "Blackboard", a que todos os alunos têm acesso. Todos os power points de aulas também ficam lá.
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Mas com essas aulas maravilhosas até aqui nunca tive nenhuma vontade de perder uma aula... Até as aulas de estrutura, que eu odiava na faculdade, aqui são maravilhosas... Fica muito mais fácil o cara explicar as cargas, forças e reações desenhando em cima de fotos reais... Além disso, o professor é sempre ótimo (apenas metade deles são holandeses, o resto é uma seleção do mundo!) e os assuntos são sempre coisas como Arcos e Cabos de aço, Tenso-estrutura (também conhecida como "Lona tensionada", erroneamente, diga-se de passagem, pois na verdade não se trata de lona) enfim, só de assuntos interessantíssimos, ainda que dentro da cadeira de estrutura.



Mas enfim, mais interessante do que a estrutura do curso é o seu espaço físico. O Campus é a coisa mais linda que existe. A antiga avenida central que perpassa todos os prédios foi transformada há poucos anos em um grande parque linear chamado Mekelweg, em projeto do escritório aqui da cidadezinha de Delft mesmo que eu adoro chamado Mecanoo, onde inclusive já tenho alguns amigos brasileiros. A transformação da Avenida em parque era evidentemente necessaria, uma vez que 95% dos estudantes só anda de bicicleta por aqui, não por necessidade, mas pela opção eco-friendly e pela escala das cidades. Nao tem cidade aqui que não se atravesse em 25 minutos de pedalada e elas são extremamente irrigadas de "bike lanes".


Em volta do parque, sempre recheado de estudantes andando de bicicleta pra um lado e pro outro, cada prédio é mais bonito que o outro... Alguns deles, como o pavilhão dos estudios de arquitetura, eu já conhecia há anos por estarem em meus melhores livros sobre arquitetura contemporânea. Pena que não temos mais aulas lá, pois o edifício de arquitetura que ficava ao lado pegou fogo e a faculdade foi transferida pro outro extremo do campus, como vou contar mais adiante








Outro edificio bem famoso (e lindo!) é o da Biblioteca central... Uma enorme rampa gramada por onde podemos passear serve de cobertura e dentro o maior acervo de livros tecnicos do mundo a perder de vista impressiona e chega a emocionar de tanta grandiosidade.










O auditorio central, que se chama AULA(!), se não me engano com capacidade para 1.400 pessoas , tinha originalmente um balanço tão impressionante (na verdade, a parte do auditório de fato ficava toda em balanço) que as pessoas nao tinham coragem de passar por baixo e acabavam não acessando o edifício pela entrada principal... Com isso eles simplesmente tiveram que criar dois pilares "psicológicos" colossais para ajustar o fluxo de pessoas! Nas fotos é possivel ver a diferença entre o concreto aparente original e o novo. O edificio acabou se parecendo mais com uma tanque de "Guerra nas estrelas" mas continua impressionando bastante com sua ode ao brutalismo por fora e seu conforto, luxo e tecnologia por dentro.


Depois que o edificio de arquitetura pegou fogo ano passado ou retrasado e eles tiveram que improvisar em um antigo edificio de administração que fica na outra ponta do campus, na verdade do lado de fora do perimetro original do parque, que esta sendo adaptado pra essa nova posição do edificio de arquitetura, ja nao mais tão priovisória quanto se pretendia a princípio. Na verdade, todos os estudantes de outros cursos invejam o nosso prédio, que é de fato muito bonito, confortável e elegante, alternando a arquitetura do prédio original com grandes galpões de vidro construídos nos vãos dos blocos originais para a instalação do curso de arquitetura lá. Como nao fazia parte do campus, é o único edificio mais antigo, mas com a reforma para adapta-lo acrescentaram um coroamento com janelas todas coloridas que deu um charme todo especial e o identifica na hora como o edificio mais humano, menos tecnico, e portanto, facil de reconhecer como sendo o de arquitetura.


Lá dentro, cada departamento tem um espaço próprio e o espaço do departamento que eu escolhi é simplesmente incrível!!! Na verdade tem tudo a ver com o próprio departamento e portanto comigo. Trata-se da "The Why Factory", cujo lema principal é "The best way to predict the future is inventing it". Muito eu, ne? Lá, alunos de arquitetura, de design e de urbanismo, juntos, pensam a cada semestre alguns possíveis futuros para as nossas cidades. O studio que eu escolhi chama-se "transformers" e parte da premissa de que o adensamento das cidades, do ponto de vista sustentável, pode ser uma coisa boa para diversos recursos naturais, mas cria uma grande dificuldade em termos de um recurso essencial: Espaço. Assim, o objetivo do estudio é pensar, em diversas escalas, em como podemos ter um ambiente mais adaptável: um tijolo que possa esticar e diminuir dependendo da necessidade naquele momento, móveis que possam se adaptar às diversas funções do dia sem precisarmos ter vários espaços sem uso em nossas casas na maior parte do dia, apartamentos que possam aumentar de tamanho num dia de festa, quarteirões inteiros que possam inchar a noite, quando todos estao em casa e diminuir de dia, quando todos saem pro trabalho e a rua precisa de mais espaço para o fluxo congestionado de veículos e pessoas... Enfim! É um studio que foi feito pra mim e pro qual eu nasci sem duvida! Tem muito a ver com o meu trabalho (dentro das minhas limitadas possibilidades, lógico) e eu nao poderia estar mais bem encaixado em qualquer departamento de qualquer universidade de qualquer país desse nosso planeta. Confesso que me emociono só de escrever sobre isso e agora mesmo estou com os olhos cheios de lágrimas de felicidade. Por ter feito escolhas tão certas para vir parar aqui, por ter tido expectativas tão altas e vê-las serem superadas a cada dia que passa, por estar me sentindo tão completo e bem acolhido.

Mas voltando a descricao espacial da faculdade, esse departamento, como nao poderia deixar de ser, tem o espaco mais interessante de todos! As poucas salas de aula ficam todas sob uma enorme tribuna laranja chamada "The monkey`s rock", onde ficamos todos com nossos laptops plugados enquanto ouvimos alguma palestra ou enquanto simplesmente estudamos nas poucas horas vagas.


As palestras são sempre interessantes por um simples fato que é o que mais me instiga em toda essa historia... Esse departamento, o mais novo da faculdade, foi criado há dois anos nao apenas pela T.U Delft, mas por uma uma união entre ela e o escritorio MVRDV que simplesmente está entre os meus maiores sonhos de consumo. Nao tenho qualquer dúvida ao colocá-lo entre os 3 escritorios que eu mais gosto no mundo (junto com o OMA, do Koolhas, tb daqui, e o da Zaha Hadid, iraquiana erradicada na inglaterra que trabalhou anos com o proprio Koolhas). Quem nao conhece o MVRDV, pode ir tratando de checar: http://nl.wikipedia.org/wiki/MVRDV

Pois, pra minha surpresa e deleite, quando entro em sala para a aula inaugural, quem é o meu primeiro professor??? Simplesmente o Winny Maas, cabeça, um dos fundadores e o "M" do MVRDV ("Maas, Van Rijs & De Vries", mas bem que podia ser "Maas, Van Rijs & De Vetyemy" se eu tivesse nascido uns anos antes!) No meu estudio, na verdade, quem dá aula é um outro diretor do MVRDV, o Ulf Hackauf, super simpático e muito bom professor, ao que me parece ate aqui. Na minha sala somos 11, entre alunos de mestrado e de intercambio de bacharelado (meio a meio mais ou menos) todos internacionais! Só tem 1 meio-holandês! Na primeira aula tivemos que fazer uma apresentação do nosso "previous work em 8 slides, que pra variar quase virei a noite preparando minha apresentação, que foi muito bem recebida, os alunos ficaram meio impressionados com a minha experiência, mas o que me interessava mesmo era a opinião do Ulf, que nao pareceu se alterar muito, mas ficou o tempo todo com um sorriso na cara, perguntou algumas coisas e, quando o video da cidade do sexo não funcionou, pediu pra todos botarmos nossas apresentações no sistema do "blackboard" que ele queria ver depois... Enfim, pelo menos passou a tensão de apresentar meu trabalho para alguem do MVRDV!

Além desse studio, tenho tambem outras duas materias: "Seminar on building technology" (a tal que inclui aulas de estrutura) e "Seminar on design process". Ambas são ministradas no edifício de engenharia civil, que também é lindo e tem um auditório maior.


As duas aulas consistem em uma série de palestras, sendo que para a primeira nos deram dois edifícios aqui na Holanda para estudarmos durante o semestre e elaborarmos o trabalho comparando-os ainda a um terceiro edificio a nossa escolha, para no final propor uma reforma a um dos dois. Os edifícios que me deram foram o de arquitetura aqui do campus (para o qual ja tenho toda a minha proposta pensada!) e um outro em Dordrech (20 minutos de trem, como todas as cidades aqui!) que ainda nao fui visitar. Para o outro seminário teremos apenas provas sobre qualquer assunto dado durante qualquer palestra do semestre.

Na primeira palestra, semana passada, o professor, depois de falar mal de inúmeros projetos (realmente horrorosos) de revitalização, mostrou o "Excelente projeto do Mendes da Rocha para a Pinacoteca de Sao Paulo", que adimro tanto que levei meus alunos pra conhecerem ano passado. Mais adiante elogiou também o projeto de Lucio Costa para o Museu das Missões, que também adoro e perdi a chance de visitar quando minha mãe esteve lá com meu irmão e eu nao me lembro porque não pude ir. Enquanto ele falava da pinacoteca tive vontade de comentar, mas acabei me acanhando e desistindo, pois essas palestras sao sempre pra mais de 200 alunos, no auditório de um outro edificio lindo, que é o de Engenharia civil onde estou escrevendo agora enquanto aguardo a proxima palestra. Alias, já é hora de ir pra lá e eu não perco essas palestras por nada, então vou ficando por aqui nesse post.

Beijos e abraços e até o proximo post!!!

5 de setembro de 2010

MEU NOVO – DEFINITIVO E PERFEITO - APARTAMENTO!

Como adiantei nos 2 posts anteriores, estou completamente apaixonado pela minha nova e definitiva morada holandesa. Trata-se de uma casa padrão de uma rua incrível, bem parecida com a minha General Glicério lá do RJ, que não à toa se chama “Graaff Florisstraat” (graaf=conde, floris= florida, straat=rua). A rua tem até um site: http://www.graafflorisstraat.nl/GFS/Home.html

Meu novo endereço pra correspondência, By the way, é:
Graaf Florisstraat, 39A
3021 CB, Rotterdam
The Netherlands



Bem arborizada, larga, totalmente residencial com casinhas antigas de tijolinho, lindas e raras em R’dam e, ainda assim, num local hiper central! Fica a “4-min bike/ 10-min walking” da estação central, o que é essencial pra mim (quem me conhece bem já sabe que eu cronometrei ambas as possibilidades! Hehehe!) Mas o melhor de tudo vem agora... Tem um complexo público com 4 campos de futebol grama natural e sintética, na esquina!!! Tenho ido lá jogar quase todo dia, sempre tem alguém, é só chegar e perguntar se “tem lugar pra um brasileiro aí”.


A casa em si, não é tão espaçosa quanto a que eu morava antes, pois foi dividida pelo Senhor Vliegen e um jovem casal holandês aluga o andar térreo, enquanto o andar superior é agora dividido entre eu e o meu novo flat mate canadense, que se chama Tom, e é hiper simpático. Ao contrário da inglesa louca, no meu primeiro dia aqui ele já convidou os vizinhos para um vinho de boas vindas, vive cercado de amigos e socializa ao extremo, já tendo me levado para vários programas culturais na cidade. E ainda é um excelente cozinheiro! Todo sábado vai à feira comprar peixe e camarões e já está me ensinando a cozinhar algumas coisas.

Ele é urbanista, se auto-define como ecologista patológico, trabalha num escritório de planejamento e reforma urbana e mora nesse apartamento há um ano, durante o qual já moraram aqui 4 ou 5 pessoas... Todas de alguma forma, arquitetos (ou “designers”: “landscape designer”, “interior designer”, “ship designer”, etc) Ele disse que 50% das pessoas que moram em Rotterdam são arquitetos e que aqui é mesmo o lugar para um arquiteto estar.

O “apartamento” que nos cabe é acessado por uma escada bem holandesa (entenda-se: inclinação inaceitável pra padrões normais e 6 degraus fazendo a curva onde deveriam haver no máximo dois). Essa escada dá em um corredor (que já enchi de plantas compradas a preço de banana no mercado de rua!) onde, pra um lado se tem um banheiro, uma copa/cozinha e o quarto do Tom. Pro outro tem um mini mini quarto de hóspedes onde só cabe um futton de casal e uma mesinha de canto, além do meu quarto, gigantesco, pois originalmente era pra ser uma sala.

Na verdade é bem comum transformar salas em quartos aqui, pois ela sempre tem uma porta como a de um quarto, então a privacidade é totalmente garantida. A vantagem é que é o dobro do tamanho do outro quarto, então fica como se fosse um apartamentinho separado, onde já fiz um cantinho de living com duas poltronas, outro de estudo com uma escrivaninha e uma mesinha pro computador e, depois da lareira (fora de uso), um cantinho pra minha cama com dois armários embutidos.


Entre o meu quarto e o dele tem ainda uma outra coisa bem comum por aqui, que é uma espécie de escritoriozinho que se acessa pelos dois quartos e que com o projetor que eu trouxe já transformamos em um pequeno mas confortabilíssimo home theater.

Outra grande vantagem do apartamento é que muitos ex-moradores foram deixando móveis e então "temos" um monte de poltronas bem gostosas que são totalmente nossas. Assim que cheguei o Tom me liberou de pegar o que eu quisesse desse ex-escritório-novo-home-theater já que ele nunca usava o espaço. Peguei então a cadeira giratória tipo “presidente”, bem gostosa, além de duas poltronas deliciosas pro cantinho de estar do meu quarto. Elas eram quatro e deixavam o quartinho com uma cara de guarda-entulho, o que mudou completamente agora, ficando apenas as duas viradas pro telão e com a mesinha com o projetor entre elas. Estreamos no meu 2º dia por aqui assistindo "Closer", filme que eu adoro e tentei sem sucesso algumas vezes rever nas minhas últimas semanas no Rio (mas o Márcio sempre dormia quando ligávamos a TV pra ver qualquer filme!)

Na cozinha temos dois frigobares, um pra cada, armários separados, mesa de jantar... O banheiro é um pouco menor do que o da outra casa, mas é tranqüilo pra dois homens... Sem muita frescura. O único problema é que a porta desse banheiro é igualzinha à de saída, que dá direto na tal escada, e sempre que estamos bebendo (ele faz cerveja artesanalmente, em casa!) confundo, já meio altinho, a porta e quase rolo escada abaixo cada vez que tento ir ao banheiro.


Pro meu quarto eu ainda trouxe tudo o que eu tinha no anterior. Um casal que era meu vizinho de lá me ajudou e fizemos a mudança em uma viagem, com dois carros lotados: Estante, colchão de casal, escrivaninha, mesa, 2 cadeiras, muitas malas (duas a mais do que eu tinha 2 semanas antes) e plantas (já tinha comprado 4 "Espadas de São Jorge" e uma maior que estava no "sunny patio" lá e agora foi pro corredor aqui - bom pra ela, porque o inverno está chegando e já tinham me alertado que ela não poderia ficar outdoor). Aqui não tem área aberta, mas em 2 semanas de verão já descobri que aqui um espaço aberto não tem 1/10 da importância que tem no Brasil).

Eu dirigi pela primeira vez em Rotterdam! Um dos carros do casal de amigos. Aliás, o Tom ficou impressionado com a quantidade de amigos que eu já tenho com apenas duas semanas de Holanda, pois depois deles um outro amigo meu já me ligou, estava perto e veio se juntar ao vinho de boas vindas.


Bom, mas o fato é que mesmo com tudo isso que eu trouxe, mais as novas poltronas e tudo o mais ainda assim sobra espaço no meu quarto pra dançar! Enfim, entende-se porque eu estou tão apaixonado pela minha nova morada, né? O Tom, quando chegou na Holanda um ano e meio atrás, esperou por 4 meses na fila por esse apartamento aqui enquanto ficava em outro horrível do Mr. Vliegen.

Agora minhas aulas em Delft já começaram pra valer e no próximo post conto porque acho extremamente justa a fama que a faculdade tem de ser a melhor de arquitetura do mundo!

O SENHORIO COM MEMÓRIA DE 10 MINUTOS: PATRIMÔNIO DE ROTTERDAM

Já introduzi o assunto no post anterior, mas se tem uma figura que merece um post próprio é o meu senhorio. Chama-se Mr. Vliegenthart. É uma figura absolutamente folclórica que faz parte da cidade. Descobri que na verdade ele tem muito mais do que os 100 apartamentos que eu achava inicialmente. Na verdade trata-se de algumas centenas, segundo confissão dele pro meu novo flat mate alguns meses atrás (do qual ainda vou falar também em outro post). E toda a cidade o conhece porque, além disso, ele é literalmente uma figura de filme. Bem velhinho, careca e enrugado, anda todo curvado, não fala inglês direito (apesar de só lidar com estrangeiros) e trabalha 6 dias por semana de 8 às 8.

Teve um ataque cardíaco 3 meses atrás e falou pra todo mundo que estava na África. Mas todos sabem que não, pois os poucos funcionários dele que cuidam de manter as casas, fazer os contratos e se intitulam "seus filhos" apesar de não serem, confessaram pra alguns que ele estava no hospital e à beira da morte, tadinho. Mas 3 meses depois ele já voltou com toda força à ativa. E as notícias sobre ele correm rápido porque tem até comunidade no Facebook intitulada "Eu moro numa das casas do Mr. Vliegenthart". Com a minha adesão à comunidade, agora somos 360. Enfim, o cara é realmente patrimônio de Rotterdam.


Mas o mais interessante sobre ele é que ele tem uma memória limite de dez minutos!!! E não usa agenda. Então cada encontro que você marca com ele, tem que ligar umas 3 ou 4 vezes, em intervalos de meia hora e em todas ele vai ter esquecido e vai dar um novo prazo pra aparecer. Quando ele disser "15 minutos", é porque está indo direto pra lá, então não dará tempo de esquecer. Normalmente o prazo de 15 minutos só acontece quando é uma menina ligando ou quando se menciona alguma (tipo: Eu e minha namorada estamos aqui esperando o senhor).

No meu último caso tive a sorte de no segundo telefonema estar com uma ex-aluna minha do Brasil (Ana Brandão, super gente boa!) com quem ele também tinha marcado no mesmo lugar e também já tinha esquecido algumas vezes naquele dia. Foi ótimo porque acabamos conversando bastante, estávamos pra nos encontrar já ha algum tempo com contatos por facebook primeiro (desde que ela me viu caminhando na rua uma vez mas não pôde ir falar comigo) e por telefone depois. Quando Mr. Vligen chegou, apesar de termos dito umas 5 ou 6 vezes que não, ele continua achando que ela é minha namorada. Isso foi uma das razões para ele simpatizar de vez comigo.

Na verdade com a história da inglesa louca ele já tinha se solidarizado um pouco comigo e, somado ao fato de eu ter pintado o apartamento anterior (pedi as tintas pra ele e eu mesmo pintei, inclusive estava pintando quando ele foi lá falar comigo sobre a reclamação dela), comprado algumas plantas pra lá (que obviamente trouxe pra cá) e principalmente, somado ao fator da minha nova “namorada”, acabei ganhando a simpatia dele, o que, dizem, é essencial pra se viver nos apartamentos dele, ganhando inclusive alguns descontos inesperados e evitando algumas situações que de tão bizarras chegam a ser cômicas.

Exemplo: Um espanhol, amigo de uma nova amiga, ao voltar de uma viagem de um mês de férias, encontrou seu quarto simplesmente dividido ao meio com suas coisas empurradas pra um canto, uma nova parede e uma dinamarquesa morando na outra metade. Parou de pagar o aluguel desde então (já fazem 5 meses) e o Mr. Vliegen não pode fazer nada porque quebrou o contrato primeiro. Outra situação bizarra foi de uma sueca que chegou em casa e Mr. Vliegen estava usando seu banheiro... Simplesmente estava passando em frente, teve vontade de ir ao banheiro e foi na sua casa mais próxima pra se aliviar. Enfim! Vai ser importante essa simpatia pra evitar esse tipo de situação. Pra minha sorte, meu novo flat mate Também conta com enorme simpatia dele, assim como de todo mundo, pois é de fato muito simpático.

Mas voltando à história, nesse dia ele já tinha me levado em dois apartamentos que eu não gostei, marcando novamente pra mesma tarde, que foi quando eu estava com a brasileira. Só então (e provavelmente pela presença dela) ele resolveu me trazer a uma de suas preciosidades, que parece que ele não mostra pra qualquer um. Sem sombra de dúvida, pela localização, pelo flat mate e pelo quarto (apesar do resto do apartamento ser bem simples) é disparado o melhor de todos os que eu vi aqui em Rotterdam. Por isso assim que entrei falei pra ele: É esse. No próximo post, portanto, conto detalhes tudo sobre esse que já é, sem dúvida, meu endereço definitivo pro resto dessa minha jornada holandesa.

MUDANÇA DE APARTAMENTO... PRA MUITO MELHOR!!!

Apesar da empolgação inicial com a minha primeira casa, o tempo revelou alguns problemas que a princípio me motivaram (e depois me obrigaram!) a me mudar already. O primeiro deles foi que apesar de a casa ser no norte de Rotterdam e, portanto, perto de Delft, não existe trem direto pra lá, então eu sempre tinha que esperar um trem pra ir à estação central de Rotterdam, esperar outro pra ir pra Delft, pegar minha bicicleta que eu deixo lá e pedalar mais uns 10-15 minutos até a faculdade, o que em dias de chuva ficava bem penoso... Não conseguia parar de pensar que com o inverno chegando certamente viria a ficar mais complicado ainda, além de me fazer ter que acordar sempre uma hora mais cedo (o trajeto todo pode levar até uns 50 minutos, dependendo da espera dos trens, além de acabar ficando caro ir todos os dias). Pois bem, esse era na verdade um pensamento vago e um pouco distante até acontecer algo totalmente inesperado e que tornou minha mudança inevitável e urgente.



A inglesa que morava comigo (a tal riponga de primeira impressão, intelectualóide de segunda impressão e patética numa visão definitiva) fez algo que me deixou realmente muito P*#%@# e tornou nossa convivência impossível. Depois de uma semana morando lá, convidei um colega da faculdade, indiano, pra jantar em casa. Ok que ele tem uma cara esquisita de indiano, tadinho, feio que dói, diz que nunca conseguiu ficar com nenhuma garota, mas ele é gente boa pra caramba, super alto-astral, sempre sorridente e pra cima. Jantamos, ela chegou no meio do jantar, conversou com ele, tudo absolutamente normal, e ao fim do jantar ele foi embora e eu fui me deitar. Acontece que no dia seguinte, quando eu passei na cozinha pra tomar um café correndo e ir pra faculdade, a moça estava com uma cara horrível, parecia que alguém tinha morrido. Perguntei se ela queria conversar e ela disse que não, que tinha que falar com outra pessoa antes, e que era algo comigo... Eu nem consegui imaginar o que era... No dia seguinte ela simplesmente ligou pro meu senhorio e falou que eu fico trazendo estranhos aqui de madrugada, fazendo barulho (a gente sequer ligou o som, ele só me ajudou a colocar no lugar as cortinas que eu comprei e jantamos! Conversando com ela, numa boa!)

Meu senhorio (que é uma figura, como vou contar em um post próprio, pois ele merece!), veio conversar comigo, e eu, super surpreso, disse que conversaria com ela pra saber o que houve. Acontece que nos dias seguintes ela nunca “tinha tempo” pra conversar comigo. No sábado eu acordei de mau humor e decidi nem falar com ela pra não dizer poucas e boas e acabar perdendo a razão e na semana seguinte foi uma semana mais puxada na faculdade, em que quase não apareci em casa. Isso foi a senha pra ela ficar irada comigo e não querer sequer mais olhar na minha cara. Chamei então meu senhorio e disse que precisava me mudar, de preferência pra um lugar mais central. Ele veio, conversou comigo, subiu no quarto dela, conversou com ela e voltou dizendo “É, ela parece meio maluca mesmo... Vem que eu vou arranjar outro apartamento pra você!” E saímos na van dele procurando alguns outros apartamentos, assunto do qual tratarei no próximo post. Só posso adiantar que uns dias depois, quando encontrei “O” apartamento, consegui perdoar a maluca e até agradecer internamente por ter me dado esse motivo mais forte pra cuidar logo de achar um lar definitivo por aqui. Mas a procura do apartamento e principalmente o senhorio são definitivamente assuntos para um próximo post. Até lá então!
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